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Dicas valiosas para aprender o nutir e o alimentar.

Por Dra. Luciana Tocci Belpiede

Importância do leite materno além da nutrição

lactante

A melatonina é produzida por todo ser vivo e capaz de desempenhar inúmeras funções. Em seres humanos já foi demonstrada ação antiobesogênica, modulação da secreção e ação de hormônios (por exemplo da insulina), controle da pressão arterial, modulação do sistema imune, ação antioxidante e anti-inflamatória, entre outras.

É conhecida como um poderoso agente cronobiótico, pela sua capacidade de modular ritmos (sono e vigília, por exemplo) através de pistas ambientais (luminosidade, alimentação e exercícios físicos).

Esse hormônio pode ser produzido por tecidos dos mais variados sistemas do corpo (tais como renal, digestório, cardiovascular, cutâneo) onde desempenha importante ação local

Sua produção pela glândula pineal (localizada na região central do cérebro) é exclusivamente noturna (desde que seja uma noite escura, sem luminosidade artificial) e possibilita sua interação no organismo como um todo.

Estruturas do sistema reprodutor feminino também são capazes de produzir melatonina e sua função local é de extrema importância para manutenção de uma gestação saudável.

Durante a gestação sua produção é crescente (desde as primeiras semanas), em concentração maior do que a produção pineal, atingindo um pico entre 32 e 36 semanas.

A melatonina produzida pela placenta (órgão transitório de comunicação entre a mãe e o feto) é capaz de atravessar a barreira placentária sem sofrer alterações estruturais e promover neuroproteção e neurodesenvolvimento no feto. Além disso, é capaz de cumprir sua função cronobiótico, sinalizando ao feto, por exemplo, se é dia ou se é noite.

A produção de melatonina pelo organismo da mãe é de suma importância para sincronizar os ritmos e auxiliar na preparação do feto ao ambiente externo, já que sua produção ocorre semanas após o nascimento.

No recém-nascido a melatonina da mãe é transmitida através do leite, o que está entre os diversos benefícios já conhecidos do aleitamento materno.

DESTAQUE:

Recentmente recebi o aceite para publicação científica dos principais resultados que obtive em meu projeto de doutorado. O documento está em fase de publicação, mas deixo abaixo um recorte com informações do título e resumo!

capa artigo

No projeto eu investiguei, em modelo animal, o impacto da ausência do hormônio melatonina (especificamente da glândula pineal), em aspectos metabólicos dos descendentes.

Dentre os aspectos avaliados, foi possível identificar alteração desde a fase de aleitamento e de desmame. Os animais cujas mães não possuíam melatonina pineal apresentaram alteração de peso corporal.

Perceba que até aqui, dentro os estimulos que esse descendente recebeu, o ambiente intrauterino e o leite materno tornam-se chave para seu desenvolvimento neonatal.

Além das inúmeras funções exercidas pelo leite materno, tanto no aspecto nutricional, quanto no aspecto psico-emocional e motor, o leite materno também é um veículo que compartilha melatonina ao recém nascido, uma vez que sua produção independente demora semanas para ser consolidada.

Quando a mãe não possui melatonina pineal, essa entrega não ocorre e inúmeras alterações podem marcar o organismo do descendente, em curto e longo prazo!

No modelo experimental proposto, esses descendentes cuja interação com a melatonina pineal materna foi insuficente, ganharam menos peso corporal até o desmame, porém, à partir da introdução alimentar, apresentaram aumento significante desse parâmetro em relação aos demais grupos estudados!

Dra Luciana Tocci Belpiede
Nutricionista
CRN 28105

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Foto de Dra. Luciana Tocci Belpiede

Dra. Luciana Tocci Belpiede

Nutricionista especializada em nutrição pediátrica.

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